quarta-feira, 6 de outubro de 2010

PANDEMONIO

As eleições gerais de Brasília, de domingo (3), foram as mais controvertidas da história da cidade. Isso porque as confusões de ordem jurídica e normativa começaram bem antes, exatamente quando foi promulgada a mini reforma política, no ano passado. Para aumentar a complexidade do pleito surgiu a Lei da Ficha Limpa, que entrou em vigor no dia 4 de junho, do ano em curso. Para coroar tanto desacerto, o Supremo Tribunal Federal (STF) ficou empacado em 5 votos a favor e 5 votos contra, quando julgou a admissibilidade da candidatura de Joaquim Roriz, para o governo do DF. E como o mundo gira, Joaquim Roriz teve uma idéia diligente, retirou-se do pleito, colocou sua mulher, dona Weslian Roriz, e a campanha girou as cabeças dos candidatos concorrentes ao Palácio do Buriti. Moral da história, a candidata Weslian Roriz – que nunca foi política na acepção da palavra, disputa a cadeira de governador, em segundo turno, com o médico Agnelo Queiroz, no dia 31. Claro que esse embate, além de confuso, mostra o grau de comprometimento da política de Brasília

VOTO NULO

Toninho do PSol foi a peça fundamental (candidatura) que tirou a vitória do Agnelo Queiroz, igualmente, como se toma um doce de uma criança. Os petistas contavam, como favas contadas a vitória agnelista, durante todo o domingo. Mas quando se abriram as urnas, eis a decepção – segundo turno na cabeça. Toninho teve mais de 199.095 votos, perfazendo um total de 14,25%, o que foi uma boa votação. Hoje, no telejornal da Globo, pela manhã, Toninho disse que não apoiará o Agnelo (PT), e muito menos dona Weslian Roriz, por uma questão lógica filosófica, logo. ele anulará o seu voto, no dia 31.

DILMA, NUNCA

Matreira, como uma índia, a senadora Marina Silva, que obteve excelente votação, no domingo (3), de 19,5 milhões de votos, alcançando assim 20% da votação geral nacional, é agora a figura mais cobiçada tanto por José Serra como por Dilma Rousseff. Claro que ambos querem o seu apoio político, visando chegar ao Palácio do Planalto. Acontece que, tímida, rouca, e educada, Marina se esquiva dos dois, politicamente. Todavia, um jovem político acreano da Boca do Acre, colega de Faculdade de Marina desde o tempo de implantação do PT naquele estado, aposta um doce – já que ele não bebe, como Marina não vota na Dilma. Quem não se lembra do atrito entre Dilma e Marina que a fez ela deixar o Ministério do Meio Ambiente. Esse colega de Marina é sacerdote.

O ÚNICO QUE FEZ O SUCESSOR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve estar muito tiririca da vida, por não eleger no primeiro turno a candidata Dilma Rousseff. Aliás, este “blog”, contou, recentemente, uma façanha do presidente Getúlio Vargas, na eleição de 1946. Pois bem. Getúlio quando foi deposto do governo se recolheu em sua fazenda em São Borja. Os candidatos a presidente eram dois, o brigadeiro Eduardo Gomes – um homem bonito, tipo galã, freqüentador da alta sociedade carioca e líder militar. Foi ele que criou a Força Aérea Brasileira (a Aeronáutica). Já o seu adversário, também, candidato ao Palácio do Catete, era o matogrossense Eurico Gaspar Dutra. Pelo andar da carruagem o brigadeiro Eduardo Gomes ganharia a eleição, tranquilamente, pois, ele tinha o apoio da União Democrática Nacional, a célebre UDN, que era direitona, aristocrática, rica e intelectual. Já o general Dutra era um comandante de tropa respeitadíssimo pelo Exercito, e do Partido Social Democrático, o histórica PSD. Quando faltavam 5 dias para a eleição, um grupo de político de Minas, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia vai a São Borja e Getúlio ler uma carta de apoio a Dutra, a qual foi lida em todas as rádios do País. A conseqüência foi estupenda e Getulio virou a eleição fazendo de Eurico Gaspar Dutra o presidente do Brasil. Até hoje, a gloria de alguém ter feito o sucessor na presidência da República cabe a Getúlio Vargas, o primeiro presidente a eleger um sucessor. O segundo presidente foi Itamar Franco que fez Fernando Henrique Cardoso.

BRASÍLIA SABE VOTAR

Foi tudo que é de bom as eleições de Brasília de 2010. Houve surpresa, houve escândalo, houve bagunça, impugnações, arbitrariedade da Justiça Eleitoral e até sopapos entre rorizistas com petistas, socialistas, comunistas e candidatos de todos os naipes. Um dado significativo que expressa mudança é de que, apenas, 10 deputados distritais conseguiram ser reeleitos. Assim, 14 novos parlamentares distritais completam o quadro. Os deputados evangélicos jaó são mais maioria no parlamento distrital. Isso é sinal de que, realmente, o povo reprovou a conduta dos envolvidos no escândalo “Caixa de Pandora”. Um detalhe, o distrital Evandro Garla (PRB-PTB) que é pastor da Igreja Universal é o representante do bispo Edir Macedo.

Outra mudança significativa foi na bancada da Câmara dos Deputados, onde um único deputado logrou a reeleição, que foi Geraldo Magela (PT). São oito parlamentares: Reguffe (PDT), Paulo Tadeu (PT), Jaqueline Roriz (PMN), Izalci (PR), Magela (PT), Erika Kokai (PT), Ronaldo Fonseca (PR) e Luiz Pitiman (PMDB). A posse será no dia 1 de fevereiro – Congresso Nacional.

8 MILHÕES DE VOTOS PARA ONDE

Agora, complicou de vez, o Supremo Tribunal Federal tem agendado para hoje (dia 6), o julgamento da candidatura de Jader Barbalho – PMDB/PA, que teve mais de 1 milhão e 700 mil votos, para o Senado Federal. O caso de Jader é semelhante ao de Joaquim Roriz. Por outro lado, tem ainda do Pará, a votação de Paulo Rocha que obteve 1milhão e 300 mil votos.Ora, somando as votações de Paulo e de Jader dão uma soma que supera o quantitativo de 50% de votantes paraenses no estado. Desse modo há na pratica a possibilidade de se fazer nova eleição no estado marajoara.

Mas, a prova contundente do que o imbróglio dos Fichas Sujas pegou com força, é que o Supremo terá de definir a situação de 8 milhões de votos considerados nulos das eleições de domingo passado.

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